1 segundo... 1 minuto... foi o tempo que passou desde que cliquei em "escrever nova mensagem", exactamente o mesmo intervalo que demorou para que algumas das 7 mil milhões de pessoas que habitam o planeta Terra tomassem acções que ficarão registadas em inúmeros livros sobre a história da nossa espécie, como surgimos e como evoluímos até aos dias de hoje.
Basta abrir um desses livros para que fiquemos deslumbrados com as histórias que vão desde a Grécia Antiga até aos Descobrimentos. A conclusão é apenas uma, aprendemos a adaptar-nos a ambientes que nos eram hostis, formámos civilizações enormes, levámos o conhecimento a outro patamar, desenvolvendo a tecnologia de nenhum modo antes visto, tornámos-nos grandes o suficiente para termos um papel fundamental no Planeta Terra e sermos dignos de ter a nossa própria história.
No entanto, com todo este crescimento surgiram também novos valores e ideais. A moral e a ética nunca foram tão importantes como agora, afinal de contas tudo o que nos move é o que acreditamos ser como correcto, pelo que é com grande desdém que reconheço que sempre que abro um livro de história, encontro as páginas deste manchadas de sangue, como se ele tivesse sido escrito com o sangue de todas as pessoas que morreram em prol de um mundo melhor. Ou será isso apenas uma desculpa reles para justificar todos os crimes e atrocidades que foram cometidas?
Somos agora uma civilização com um enorme peso sobre os acontecimentos que ocorrem por todo o Mundo, somos mais evoluídos que nunca. No entanto, parece que se não existir um conjunto de leis a dizer-nos como nos comportar a sociedade desmorona-se e, nessa altura, não seremos muito diferentes de todos os outros animais irracionais que habitam este mundo. Ainda assim, apesar de todas estas regras e do nosso código moral, continuam a haver casos em que a dominação sobre os outros fala mais alto e é possível ver o quanto "grandes" nos tornámos, o suficiente para que numa pequena fracção de momentos nos destruamos a nós e a todo o planeta, pintando a última página do livro do mesmo vermelho que circula nas nossas veias.
Foi neste contexto que comecei a ler o livro Globalização, Democracia e Terrorismo do Eric Hobsbawm, com a esperança de compreender um pouco o mundo e perceber porque determinados actos de violência e guerra continuam a ser cometidos nos dias de hoje. Pelo que aqui vão algumas informações e citações recolhidas durante a minha leitura.
A Globalização
Desde 1960 que o avanço em aceleração progressiva da globalização teve um profundo impacto político e cultural, sobretudo na actual forma dominante - um mercado livre, global e descontrolado. Para começar, a globalização do mercado livre gerou um crescimento repentino nas desigualdades, quer sociais, quer económicas, as quais se têm vindo a sentir não só dentro dos países, mas pelo mundo fora. Estas são a causa das principais tensões sociais e políticas do actual século.
Em segundo lugar, o impacto desta globalização é mais sentido pelo os que menos beneficiam dela, isto é, existe uma barreira a dividir aqueles que estão a salvo dos efeitos negativos desta e os que não estão. Por exemplo, é bastante corrente que empresários procurem mão-de-obra em países onde esta é mais barata, assim como um profissional de educação superior consiga um emprego em qualquer economia de lucros elevados.
Por último, o impacto político e cultural da globalização revela-se desproporcionalmente grande, onde a imigração constitui um enorme problema político em grande parte das economias desenvolvidas do ocidente.
Em segundo lugar, o impacto desta globalização é mais sentido pelo os que menos beneficiam dela, isto é, existe uma barreira a dividir aqueles que estão a salvo dos efeitos negativos desta e os que não estão. Por exemplo, é bastante corrente que empresários procurem mão-de-obra em países onde esta é mais barata, assim como um profissional de educação superior consiga um emprego em qualquer economia de lucros elevados.
Por último, o impacto político e cultural da globalização revela-se desproporcionalmente grande, onde a imigração constitui um enorme problema político em grande parte das economias desenvolvidas do ocidente.
Guerra e Paz no Sec.XX
Este foi o século mais mortífero de toda a história conhecida, com uma mortalidade de aproximadamente 187 milhões de pessoas, ligeiramente mais de 10% da população mundial em 1987. Praticamente, após 1914, este século é caracterizado por uma série de guerras ininterruptas.
Pode-se olhar para o período entre 1914 e 1945 como uma guerra de 30 anos, interrompida apenas por uma pausa nos anos 20, entre a retirada final dos japoneses e do extremo oriental da Rússia, em 1922, e o início do ataque japonês à Manchúria em 1931. Este período é ainda caracterizado pelo termino da 2.ª Guerra Mundial, ao qual se segue a Guerra Fria, que dura cerca de 40 anos. Com isto, pode-se concluir, pelas palavras do autor do livro - O Mundo como um todo não esteve em paz desde 1914 e não o está agora.
Com base nos acontecimentos do século XX, pode-se dividir este em três períodos distintos:
Durante a era 1 e 2, as Guerras Civis e outros conflitos armados no interior de Estados foram obscurecidos pelas guerras entre estados. Após estes dois períodos as guerras interestaduais praticamente desapareceram da Europa, no contam-se os casos de ocorrência de outros conflitos militares pelo resto do Mundo, alguns deles resultantes dos anteriores conflitos globais.
As Consequências da Guerra e da Globalização
Combatentes e não combatentes: Apesar de nas duas primeiras guerras mundiais terem sofrido quer combatentes, quer não combatentes, verificou-se que o fardo da guerra tem-se vindo a transferir das mãos das forças armadas para as dos civis. Se durante a primeira Guerra Mundial apenas 5% daqueles que morreram eram civis, então na segunda Guerra Mundial esse número aumentou para 66%. Actualmente, pressupõe-se que cerca de 90% dos afectados pela Guerra actualmente sejam civis.
Este foi o século mais mortífero de toda a história conhecida, com uma mortalidade de aproximadamente 187 milhões de pessoas, ligeiramente mais de 10% da população mundial em 1987. Praticamente, após 1914, este século é caracterizado por uma série de guerras ininterruptas.
Pode-se olhar para o período entre 1914 e 1945 como uma guerra de 30 anos, interrompida apenas por uma pausa nos anos 20, entre a retirada final dos japoneses e do extremo oriental da Rússia, em 1922, e o início do ataque japonês à Manchúria em 1931. Este período é ainda caracterizado pelo termino da 2.ª Guerra Mundial, ao qual se segue a Guerra Fria, que dura cerca de 40 anos. Com isto, pode-se concluir, pelas palavras do autor do livro - O Mundo como um todo não esteve em paz desde 1914 e não o está agora.
Com base nos acontecimentos do século XX, pode-se dividir este em três períodos distintos:
- Era 1: Guerra Mundial centrada na Alemanha (1914-45);
- Era 2: Confronto entre as 2 Super Potências (1945-89);
- Era 3: Começa no fim do sistema clássico do poder internacional;
Durante a era 1 e 2, as Guerras Civis e outros conflitos armados no interior de Estados foram obscurecidos pelas guerras entre estados. Após estes dois períodos as guerras interestaduais praticamente desapareceram da Europa, no contam-se os casos de ocorrência de outros conflitos militares pelo resto do Mundo, alguns deles resultantes dos anteriores conflitos globais.
- Na era 3, a guerra regressou ao sudeste da Europa, no entanto a possível de esta se alargar ao resto do continente era bastante improvável;
- Na era 2, as guerras interestaduais mantiveram-se endémicas no Médio Oriente e no Sul da Ásia. Outras guerra de grandes proporções surgiram no Este e Sudeste da Ásia (Coreia e Indochina), resultantes do confronto global;
- Também na era 2, a África Subsariana transformou-se numa arena de conflitos humanos onde, na era 3, era possível assistir a enormes cenas de carnificina e de sofrimento;
- Na era 1, houve ainda a guerra civil em território russo, marcada pela Revolução de Outubro;
- Também a América Latina foi vítima de grandes confrontos civis, depois de 1911 no México e, desde 1948, em vários países da América Central.
As Consequências da Guerra e da Globalização
Combatentes e não combatentes: Apesar de nas duas primeiras guerras mundiais terem sofrido quer combatentes, quer não combatentes, verificou-se que o fardo da guerra tem-se vindo a transferir das mãos das forças armadas para as dos civis. Se durante a primeira Guerra Mundial apenas 5% daqueles que morreram eram civis, então na segunda Guerra Mundial esse número aumentou para 66%. Actualmente, pressupõe-se que cerca de 90% dos afectados pela Guerra actualmente sejam civis.
O facto de as operações militares serem conduzidas por pequenos grupos de tropas regulares e irregulares que fazem uso de alta tecnologia, pode ser apontado como uma das causas para este acréscimo da afectação dos civis, uma vez que estes grupos estão por norma protegidos contra a ocorrência de "casualidades".
Tem-se verificado ainda que o sofrimento causado durante o período de guerra não é proporcional à escala do confronto. Por exemplo, a guerra de apenas duas semanas entre a Índia e o Paquistão pela independência de Bangladesh, em 1971, produziu cerca de 10 milhões de refugiados, um número bastante superior ao alegado durante a Guerra Fria.
O efeito da globalização: As consequências da guerra não está confinada apenas a áreas pobres e remotas. Devido à globalização e à crescente dependência mundial de um fluxo constante e ininterrupto de comunicações, serviços, entregas e fornecimentos, os efeitos da guerra na vida civil e no mundo são fortemente ampliados.
Distinção entre Guerra e Paz
Actualmente tanto a definição de guerra, como a linha que divide esta de paz estão cada vez mais ténues. Começando pela primeira, a separação entre conflitos dentro e fora de estados tornou-se confusa, pelo facto de o século XX ter sido marcado não apenas por um século de guerras, mas também de revoluções e desintegrações de impérios. Além disso, houve uma mudança na atitude dos estados uns em relação aos outros. Após a Revolução Russa, a intervenção por parte de estados em assuntos de outro estado, cujos procedimentos desaprovassem, passou a ser uma prática comum.
Quanto à segunda, a distinção entre guerra e paz tornou-se obscura, tal como é mencionado no livro, a 2.ª Guerra Mundial não começou com declarações de guerra nem acabou com tratados de paz. O período seguinte a esta foi tão difícil de classificar entre guerra e paz ao ponto de lhe terem nomeado de Guerra Fria.
A absoluta obscuridade da situação desde a Guerra Fria é ilustrada pelo actual estado das coisas no Médio Oriente. Antes da Guerra do Iraque, nenhum dos dois termos, «guerra» e «paz», poderia descrever correctamente a situação no Iraque desde o término formal da Guerra do Golfo - o país continuava a ser bombardeado quase diariamente por forças estrangeiras.
Toda esta situação complicou-se com o uso do termo «guerra» na retórica pública, por exemplo "guerra ao desemprego" ou "guerra contra a Máfia". A utilização nestas expressões do termo "guerra" é bastante diferente daquele que é usado para se referir a grandes operações militares, confundindo-se ainda as acções que estão subjacentes a ele. Enquanto num caso, este está relacionado com as acções de forças armadas, no outro caso está associado à acção da polícia. Se um homicídio cometido por um soldado durante o confronto não é um crime, o mesmo não acontece se este ocorrer dentro de um estado.
O Desafio da Globalização
A globalização avançou em quase todos os campos, excepto um, o político e militar. Dos cerca de 200 estados que existem, onde os Estados Unidos ocupam uma posição de realce, não há nenhum que consiga estabelecer um controlo duradouro sobre os outros. Isto é, não há nenhuma super potência que consiga compensar a falta de autoridade global, principalmente devido à falta de acordos e convenções em relação ao desarmamento, suficientemente fortes para serem aceites pelos outros estados. Mesmo que se estabeleçam instituições tribunais internacionais, as suas decisões nunca serão necessariamente aceites enquanto houver estados poderosos em posição de ignorá-las.
Desde a Guerra Fria que se tem improvisado a gestão de guerra e de paz, pelo que em muitos dos casos os conflitos têm cessado apenas graças à intervenção de uma armada exterior. No entanto, os resultados têm sido insatisfatórios, uma vez que tal obriga a manter as tropas a um custo extremamente elevado no local, sem falar que os países mais pobres podem criar ressentimentos contra este tipo de intervenção, em analogia com os tempos de colonização.
Era suposto que a guerra se diferenciasse claramente da paz - de um lado, um declaração de guerra; do outro, um tratado de paz.
Era suposto que as operações militares se distinguissem claramente entre combatentes - identificados como tal através de uniformes que usavam, ou por outros sinais indicando a sua pertença a uma forma armada organizada - e civis e não combatentes.
Era suposto que a guerra se desse entre combatentes. Os não combatentes deveriam, tanto quanto possível, ser protegidos em tempo de guerra.
Era suposto...
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