Se me perguntarem que tipo de livros costumo ler, posso
garantir que “A Arte do Inconformismo” de Chris Guillebeau não se encontra
presente em nenhum deles. Fantástico, ficção científica, romances e divulgação
científica, seria muito provavelmente a minha resposta.
No entanto, ironicamente, não estou aqui para escrever sobre
nenhum dos tipos de livro que acabei de enumerar, mas sim de um livro de
autoajuda ou, como eu prefiro dizer, um livro de automotivação, uma vez que
considero que se distingue bastante dos convencionais livros com o intuito de
autoajudar o seu leitor.
Partilho assim algumas ideias daquilo que o livro procurou
transmitir, as quais acho inspiradoras e motivadoras para aqueles que pretendem
mudar a sua vida, mas que têm no entanto receio de o fazer. Existem no entanto quatro condições [1], à semelhança das
que Guillebeau mencionou no seu livro, que devem ser mencionadas antes de se
prosseguir com a leitura:
1ª Abertura a novas ideias;
2ª Insatisfação com o status
quo;
3ª Disposição para assumir a
responsabilidade pessoal;
4ª Disposição para trabalhar
bastante a partir de agora;
Se estas condições não forem válidas, então corre-se o risco
de esta leitura ser em vão. Pois muitas pessoas querem mudar o seu estilo de
vida, mas a verdade é que poucas tem coragem para fazê-lo ou para aceitar o
facto de que não temos de viver a vida como os outros esperam que o façamos.
Há uma velha história sobre um xamã com reputação de curar insónias. Um
profissional extremamente ocupado que não consegue dormir localiza-o no meio da
selva, e o xamã aceita ajudá-lo. Envia-lhe instruções, e duas semanas mais
tarde, o profissional manda-lhe dizer que ficou curado. «Muito obrigado! Tenho
dormido lindamente!», diz a nota. O xamã envia-lhe a sua resposta: «Não faz
mal. Volta cá para me veres quando estiveres preparado para despertar.» [1]
O truque para sair desde conformismo pode-se transmitir em
três palavras: persistência, coragem e determinação. Com isto, todos aqueles
que considerarem que o seu trabalho é uma treta, possuem algumas possibilidades
de conseguirem torná-lo melhor, mediante do que gostariam mesmo de fazer.
Define-se treta como “(…)
um trabalho que é feito simplesmente para preencher requisitos, fazer-te
parecer bem ou então preencher as horas do dia.” [1]
Muitos poderão justificar a treta do seu trabalho com o
valor do seu ordenado. É no entanto importante relembrar que o dinheiro em si
não tem valor. Se eu receber 1000€ e o leitor 4000€, nada indica que é mais
feliz do que eu, pois o real valor só é produzido quando trocamos o dinheiro
por outras coisas.
O que mais me motivou nesta leitura foi o modo como Guillebeau
partilhava histórias que não apenas nos inspirava, mas que também nos motivam a agir e a ir ao encontro de um estilo de vida que nos deixe feliz e que nos
permita reencontrarmos a nós mesmos.
Independentemente do tamanho dos nossos sonhos e das nossas
ideias, não devemos esquecer-nos que estas não pertencem a ninguém se não a nós
mesmos, razão por que não precisamos de nos desculpar ou justificar a ninguém,
independentemente de concordarem connosco ou não. É, no entanto, importante
garantir que não prejudicamos os outros no nosso percurso à procura do sentido
da vida, ou como Guillebeau refere: “… o
que procuramos é a experiência de estarmos vivos.”.
Finalizo este artigo com as 11 Maneiras de ser Vulgarmente
Mediano de Guillebeau, uma vez que poderá rever-se em algumas delas e, após ter
essa consciência, será então mais fácil alterar as coisas que o deixam infeliz.
Apesar de no livro “As
11 Maneiras de ser Vulgarmente Mediano” serem apresentadas quase como
universais, eu discordo desse ponto de vista. O que pode ser vulgar para um
indivíduo, deixando-o infeliz, pode se o que faz um segundo feliz. Não existe
certo, nem errado quando se abordam estes assuntos.
1.
Aceita
tal e qual o que as pessoas te dizem;
2.
Não
questiones a autoridade;
3.
Vai
para a universidade porque é suposto, e não por quereres aprender algo;
4.
Viaja
ao estrangeiro uma vez ou duas na vida, para um sítio seguro como a Inglaterra;
5.
Não
tentes aprender mais nenhuma língua; toda a gente vai acabar por aprender
inglês;
6.
Pensa
em começar o teu próprio negócio, mas nunca o faças;
7.
Pensa
em escrever um livro, mas nunca o faças;
8.
Consegue
o maior empréstimo possível e fica 30 anos a pagá-lo;
9.
Senta-te
numa secretária 40 horas por semana para uma média de 10 horas de trabalho
produtivo;
10.
Não te
destaques nem chames a atenção para ti próprio;
11.
Passa
dificuldades. Põe um visto em todos os quadradinhos;
[1] GUILLEBEAU; Chris, "A Arte do Inconformismo", Pergaminho
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