segunda-feira, 14 de março de 2016

Chris Guillebeau: Quebrando Paradigmas

Se me perguntarem que tipo de livros costumo ler, posso garantir que “A Arte do Inconformismo” de Chris Guillebeau não se encontra presente em nenhum deles. Fantástico, ficção científica, romances e divulgação científica, seria muito provavelmente a minha resposta.

No entanto, ironicamente, não estou aqui para escrever sobre nenhum dos tipos de livro que acabei de enumerar, mas sim de um livro de autoajuda ou, como eu prefiro dizer, um livro de automotivação, uma vez que considero que se distingue bastante dos convencionais livros com o intuito de autoajudar o seu leitor.

Partilho assim algumas ideias daquilo que o livro procurou transmitir, as quais acho inspiradoras e motivadoras para aqueles que pretendem mudar a sua vida, mas que têm no entanto receio de o fazer. Existem no entanto quatro condições [1], à semelhança das que Guillebeau mencionou no seu livro, que devem ser mencionadas antes de se prosseguir com a leitura:

                1ª Abertura a novas ideias;
                2ª Insatisfação com o status quo;
                3ª Disposição para assumir a responsabilidade pessoal;
                4ª Disposição para trabalhar bastante a partir de agora;

Se estas condições não forem válidas, então corre-se o risco de esta leitura ser em vão. Pois muitas pessoas querem mudar o seu estilo de vida, mas a verdade é que poucas tem coragem para fazê-lo ou para aceitar o facto de que não temos de viver a vida como os outros esperam que o façamos.

Há uma velha história sobre um xamã com reputação de curar insónias. Um profissional extremamente ocupado que não consegue dormir localiza-o no meio da selva, e o xamã aceita ajudá-lo. Envia-lhe instruções, e duas semanas mais tarde, o profissional manda-lhe dizer que ficou curado. «Muito obrigado! Tenho dormido lindamente!», diz a nota. O xamã envia-lhe a sua resposta: «Não faz mal. Volta cá para me veres quando estiveres preparado para despertar.» [1]

O truque para sair desde conformismo pode-se transmitir em três palavras: persistência, coragem e determinação. Com isto, todos aqueles que considerarem que o seu trabalho é uma treta, possuem algumas possibilidades de conseguirem torná-lo melhor, mediante do que gostariam mesmo de fazer.
Define-se treta como “(…) um trabalho que é feito simplesmente para preencher requisitos, fazer-te parecer bem ou então preencher as horas do dia.” [1]

Muitos poderão justificar a treta do seu trabalho com o valor do seu ordenado. É no entanto importante relembrar que o dinheiro em si não tem valor. Se eu receber 1000€ e o leitor 4000€, nada indica que é mais feliz do que eu, pois o real valor só é produzido quando trocamos o dinheiro por outras coisas.

O que mais me motivou nesta leitura foi o modo como Guillebeau partilhava histórias que não apenas nos inspirava, mas que também nos motivam a agir e a ir ao encontro de um estilo de vida que nos deixe feliz e que nos permita reencontrarmos a nós mesmos.

Independentemente do tamanho dos nossos sonhos e das nossas ideias, não devemos esquecer-nos que estas não pertencem a ninguém se não a nós mesmos, razão por que não precisamos de nos desculpar ou justificar a ninguém, independentemente de concordarem connosco ou não. É, no entanto, importante garantir que não prejudicamos os outros no nosso percurso à procura do sentido da vida, ou como Guillebeau refere: “… o que procuramos é a experiência de estarmos vivos.”.

Finalizo este artigo com as 11 Maneiras de ser Vulgarmente Mediano de Guillebeau, uma vez que poderá rever-se em algumas delas e, após ter essa consciência, será então mais fácil alterar as coisas que o deixam infeliz.

Apesar de no livro “As 11 Maneiras de ser Vulgarmente Mediano” serem apresentadas quase como universais, eu discordo desse ponto de vista. O que pode ser vulgar para um indivíduo, deixando-o infeliz, pode se o que faz um segundo feliz. Não existe certo, nem errado quando se abordam estes assuntos.

1.       Aceita tal e qual o que as pessoas te dizem;
2.       Não questiones a autoridade;
3.       Vai para a universidade porque é suposto, e não por quereres aprender algo;
4.       Viaja ao estrangeiro uma vez ou duas na vida, para um sítio seguro como a Inglaterra;
5.       Não tentes aprender mais nenhuma língua; toda a gente vai acabar por aprender inglês;
6.       Pensa em começar o teu próprio negócio, mas nunca o faças;
7.       Pensa em escrever um livro, mas nunca o faças;
8.       Consegue o maior empréstimo possível e fica 30 anos a pagá-lo;
9.       Senta-te numa secretária 40 horas por semana para uma média de 10 horas de trabalho produtivo;
10.   Não te destaques nem chames a atenção para ti próprio;
11.   Passa dificuldades. Põe um visto em todos os quadradinhos;

[1] GUILLEBEAU; Chris, "A Arte do Inconformismo", Pergaminho