sexta-feira, 2 de maio de 2014

Cinema: O Quinto Poder (The Fifth Estate)

Recentemente andava a vasculhar no youtube trailers de alguns filmes, pois há algum tempo que não via um bom filme ou, pelo menos um que me dissesse algo, foi aí que encontrei O Quinto Poder. Este é um filme americano de 2013, ele é baseado no livro Inside WikiLeaks: My Time with Julian Assange at the World's Most Dangerous Website de Daniel Domscheit-Berg.

Este filme mostra-nos como a WikiLeaks foi formada e desenvolvida, focando-se no seu fundador (Julian Assange) e no seu colega (Daniel Domscheit-Berg), até ao momento em que este último é despedido. Tal como mencionei, o filme baseia-se no livro que Daniel Domscheit-Berg escreveu, reflectindo toda a sua jornada durante o seu tempo de permanência na WikiLeaks.

No filme a WikiLeaks é apresentada como uma plataforma onde são publicadas/ divulgadas informações confidenciais, muitas das vezes, sobre corrupção, crimes e segredos escondidos do povo. Inicialmente é exposta a corrupção de um banco na Bélgica e, posteriormente, de diplomacias e actos militares executados pelos EUA (Estados Unidos da América). 

O objectivo inicial desta plataforma, transmitido no início do filme, é de proteger as fontes que expõem os dados comprovativos de corrupção ou crimes. Para tal, existe uma grande quantidade de dados falsos a serem descarregados ao mesmo tempo, com o objectivo de ser impossível interceptar a pessoa que descarregou a informação confidencial. 

De facto, é centrado nisto que o filme se desenvolve, terminando com a fundador da WikiLeaks a querer divulgar todo um conjunto de dados confidenciais sobre diplomacias e operações militares dos EUA sem que estes sofram qualquer tipo de filtragem. Isto é, iria divulgá-los sem eliminar as fontes dos mesmos. Também por ir contra essa divulgação, Daniel é despedido, pois este, juntamente com outros jornais, defendiam a filtragem e tratamento dos dados antes da divulgação dos mesmos.

Muito sucintamente, isto é o que acontece no filme, gosto da ideia que este transmite. Há muitas coisas a passarem-se pelo Mundo fora que nos são escondidas, devido à sua brutalidade e imoralidade. É nos passada esta ideia que vivemos num mundo moral, correcto e incorrupto, mas depois descobrimos que as pessoas no poder não olham a meios para atingir os fins, independentemente do número de vidas que tenham de eliminar, em que os interesses político-económicos são o topo da pirâmide. 

Fico com a ideia que, se amanhã estivermos no caminho de algum governo ou de alguém com uma enorme influência, somos apenas meros piões que podem ser facilmente eliminados, em "prol de um mundo melhor" diriam eles, no entanto ambos sabemos a verdade, que existe algum interesse por trás e nós somos descartáveis.

Gostei da ideia transmitida no final, numa das entrevistas efectuadas, que se queremos a verdade temos de ser nós a ir procurá-la, se a obtivermos por intermédio de alguém, então não será puramente verdade, uma vez que já foi influenciada pelo ponto de vista e parcialidade daquela pessoa.

É também mencionado porque razão chama-se o filme O Quinto Poder. É dito que algum tempo atrás os jornais britânicos não podiam publicar os debates parlamentares, até que alguns homens corajosos os imprimiram em panfletos e os distribuíram. Apesar de terem sido enforcados por isso, tal fez com que as pessoas exigissem ter acesso a esses debates e assim nasceu o Quarto Poder. Actualmente passou-se a mesma coisa, com a nova era da informação, mostrou-se que há uma grande quantidade de segredos não divulgados e que temos o direito de os pedir,  nasce assim O Quinto Poder.

No final do filme, são referidos alguns factos verídicos como, vários jornais terem publicado dados de relações diplomáticas dos EUA confidenciais, contudo tal só foi feito após a remoção de fontes vulneráveis que os mesmos pudessem conter. Em 2011, a WikiLeaks divulgou os 251 287 documentos por completo, apesar de os jornais se terem oposto.

Noam Chomsky: EUA e Imperialismo

Viver...
Já alguma vez se questionou sobre o verdadeiro significado de "viver", se não deve ter sentido, pelo menos, o que se sente quando alguém querido ou próximo a si  perdeu a vida. Talvez quando isso aconteceu tenha ficado em choque, ou mesmo entrado em colapso, trazendo-lhe sentimentos que não esperava sentir. O tempo passou, mas a dor não desapareceu, você é que se acostumou a ela.
1.ª conclusão: Quando perdemos alguém de quem gostamos, percebemos que essa pessoa tocou na nossa vida.

Vivemos num mundo constituído por milhões de pessoas e, como seres humanos, sentimos todos o mesmo - tristeza, alegria, ódio, amor, ciúmes, inveja (às vezes com mais e outras com menos intensidade). Por termos estes sentimentos em comum, era suposto que entendêssemos a dor dos outros quando alguém próximo a eles morre, mesmo que esse alguém nos seja desconhecido.
2.ª conclusão: Reconhecer a presença dos mesmos sentimentos nos outros, independentemente da etnia ou religião..

É por estas duas razões que condeno a Guerra, não se está apenas a matar pessoas, muitas das vezes meros civis, mas também porque se está a causar dor a muitas das pessoas e, uma delas poderá ser nós próprios. Tento dizer a mim mesmo que não deve ser fácil matar alguém, tirar a vida a alguém deve ser um peso que temos de carregar o resto da nossa vida, mas quando visualizo números que atingem as centenas de milhares de baixas, em determinadas épocas da história. Questiono-me até que ponto consigo realmente acreditar na existência de tal peso.

Direito à vida... é um direito que todos nós temos, independentemente de onde nascemos, é um direito universal, estabelecido a partir do momento em que deixamos o útero da nossa mãe. Negar-nos a ele é o maior crime que pode ser cometido, é um crime contra a espécie humana. É neste contexto que comecei a ler o livro Mudar o Mundo de Noam Chomsky. Pelo que deixo assim aqui algumas das notas que recolhi durante a minha leitura sobre actos de guerra cometidos no passado, no entanto, não muito distantes do presente. Foram estes dados que me levaram a fazer esta prévia reflexão.

EUA vs Vietname:

  • 1954 - Há um acordo de Paz entre os EUA e o Vietname, no entanto este é considerado um desastre pelo primeiro, o que leva a que recuem o acordo. Um pouco mais tarde, os EUA estabelecem um protetorado no Vietname do Sul, onde sabe terem sido cometidos inúmeros actos de tortura, brutalidade e assassínios;
  • 1960 - Passado 6 anos após o estabelecimento do protetorado, o governo do Vietname do Sul já tinha morto entre cerca de 70 mil a 80 mil pessoas. Devido a todo este clima de guerra, repressão e austeridade, houve uma rebelião interna, apesar de os Vietnamitas do Norte não o desejarem. Estes apenas queriam que ter tempo para conseguir desenvolver a sociedade.
  • 1961 - Houve a interferência do presente americano John F. Kennedy, que culminou na invasão militar no Vietname, no entanto a situação já se encontrava fora de controlo.
  • 1962 - Servindo-se de aviões do Vietname do Sul, Kennedy bombardeou este mesmo país. Autorizando ainda a utilização de um produto químico para destruir todas as colheitas, à medida que colocava pessoas de zonas rurais em campos de concentração, supostamente para as proteger.
  • 1963 - O Vietname do Sul estava em negociação com o Vietname do Norte com o objectivo de estabelecerem um acordo de paz. Com o conhecimento disto, a administração de Kennedy organizou um golpe de estado, em que estes dois irmãos, do Norte e do Sul, foram assassinados. Posteriormente, seguiu-se também o homicídio do Presidente Americano John F. Kennedy. De mencionar que, embora este tenha concordado com a proposta de saída do Vietname, tinha condição fazê-lo apenas quando saísse vitorioso.


EUA e o Imperialismo:
Na verdade, imperialismo é um termo interessante. Os Estados Unidos foram fundados como um império. George Washington escreveu em 1783 que a «extensão gradual dos nossos territórios irá de certo levar o selvagem, à semelhança do lobo, a retirar-se; ambos são animais de caça, ainda que difiram na forma».

Thomas Jefferson previu que as tribos «atrasadas» nas fronteiras «recairão na barbárie e na miséria, serão diminuídas pela guerra e pela carência e nós seremos obrigados a levá-las, com os animais da floresta, para as montanhas Stony».

Neste capítulo, Noam Chomsky aborda o facto de, após os EUA terem atingido os limites geográficos, isto é, a expansão no território nacional, esta não ficou por aí. Ele menciona que o tipo de colonialismo que este pratica é o pior dos tipos que existem - o colonialismo de ocupação. Neste, além de se ocupar o território indígena, também se livra da população nativa. (De mencionar que o conceito imperialismo evoluiu, pelo que pode não ser o termo mais correcto a utilizar actualmente.)

Em 1898, o ano da conquista de Cuba, os EUA executaram o ataque "libertar Cuba", no entanto o objectivo destes nunca foi que esta se tornasse independente. Contudo a sua actividade não se ficou por aqui. Também o Havai foi ocupado, depois de terem expulsado a população indígena de lá, ao qual se segue também as Filipinas, onde se estima que se tenha morto mais de 200 mil pessoas e se estabeleceu um sistema colonial. Actualmente, a única razão porque as Filipinas não possuem o crescimento económico do resto dos países asiáticos que a rodeia, é porque são um país isolado devido à sua ocupação pelos EUA.