segunda-feira, 28 de julho de 2014

Coursera: Pobreza Extrema

Finalmente após um longo semestre tive algum tempo disponível para voltar a um dos meus sites de e-learning preferidos, o Coursera. Desta vez para fazer o curso Change the World, de onde trago algumas das informações abordadas no tema referente à segunda semana Pobreza Extrema (Extreme Poverty).

Desde os meus primeiros anos de escola que tive a disciplina de Educação Moral e Religiosa na escola, até ter concluído o 12.º ano. Vou-me abster de abordar a parte religiosa, ficando apenas pela parte moral, que confesso também nunca ter sentido uma grande conexão. Isto aconteceu não por não sentir uma grande ligação, mas porque tinha algumas dúvidas quanto à ajuda que dávamos, por exemplo, se era às pessoas certas. 

Se havia vezes, nos cabazes de natal, por exemplo, que tinha a certeza que aquelas famílias precisavam de ajuda, havia outras que tinha as minhas dúvidas. Não que essa família vivesse em óptimas condições, porque não vivia, mas sim porque estas condições estavam, em grande parte, a ser uma consequência do modo de vida que estas levavam. Pelo que se colocava a questão, será que estavam a ser ajudados da forma correcta?

Acho que a pobreza é um tema bastante delicado, razão pela qual quis fazer este curso no Coursera, para conhecer mais sobre o tema e saber  quando, como e onde podemos agir. Além disso, com a globalização e o fácil acesso à informação, é possível saber que uma grande parte do Mundo ainda vive em condições que são para nós impossíveis, pelo que acho que é, em parte, nosso dever ajudá-los a ter uma melhor qualidade de vida.

 Pobreza Extrema
É importante salientar que a pobreza extrema está fortemente relacionada com o problema da desigualdade, nomeadamente a existente entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento. Esta tem-se vindo a demonstrar um dos maiores problemas que tentam persistir actualmente no planeta, podendo ser vista como aquilo que impede o crescimento económico do mundo em potência. Uma vez que existe uma enorme quantidade de pessoas que são privadas de recursos e condições básicas como a falta de educação, de saúde, de água, entre muitas outras. A falta de acesso as estes bens faz com que estas sejam privadas de contribuir para o crescimento económico do Mundo.

A persistência da pobreza é também o roubo de potencial humano. Pobreza não é apenas a falta de dinheiro - é não ter a capacidade de se alcançar todo o potencial como um ser humano.
Amartya Sin (Economista,  prémio Nobel da Economia em 1988)

O que é a pobreza extrema?
1. Pobreza extrema é viver com menos de $1.25 por dia. (de acordo com o World Bank)

De acordo com esta definição estima-se que:
- 21% da população mundial é extremamente pobre;
- 75% vive no Sul da Ásia ou em África;
- 3/4 vive em zonas rurais, onde conseguir ter água limpa, um bom sistema sanitário, transportes e acessos aos mercados continua a ser um dos maiores desafios que nos são apresentados.

Para se ter uma ideia do que é viver com $1.25 por dia. Nos EUA, por exemplo, a linha de pobreza está por volta dos $17 por dia. O US Census Burenau define, para os EUA, a linha de pobreza extrema em $8,50 por dia. Valores muito acima daqueles definidos pelo World Bank.

$1,25 = 0,94€ (por dia)
1 mês (30 dias) = 28,20€

28,20€ seria o valor que um português teria por mês para sobreviver, caso se encontrasse numa situação de pobreza extrema nas mesmas condições da maioria das pessoas em África. Obviamente são países e continentes diferentes, logo as condições são também elas diferentes e consequentemente o limite que cada um estabelece para pobreza extrema. No entanto, acho que estes valores nos conseguem levar a reflectir e a imaginar as condições em que 21% da população mundial se encontra a viver. 

Algo que se mencionou no Coursera foi que, pobreza extrema não é apenas falta de dinheiro ou riqueza, é a impossibilidade de ter acesso aos mercados, de poder fazer transacções. Sendo este um dos pontos mais importantes que se deve ter em conta quando se pretende erradicar a pobreza extrema, deve-se criar condições para que as pessoas tenham acesso aos mercados. 

O que se  pode fazer?
Imaginemos que queríamos fazer algo para ajudar a solucionar este grande problema que é a pobreza extrema. Nomeadamente nos 3 países onde esta é mais comum e persistente, na China, na Índia e na Nigéria. O que deve ser feito? Ou como podemos agir?

Devo confessar que foram estas duas questões que me levaram a inscrever neste curso no Coursera. Em Portugal, os bancos alimentares e os cabazes de natal são bastante frequentes. No entanto, sempre me perguntei se serão realmente eficazes. Pessoalmente devo confessar que nunca me identifiquei muito com essas campanhas. Pelo que, neste curso foi debatido quais seriam os melhores modos de intervir junto dos países em desenvolvimento. Por exemplo, será que mandar comida ou dinheiro é uma solução eficaz para erradicar a extrema pobreza nesses países?

Foi-me possível apurar que, quando nos países extremamente pobres, normalmente existe uma ligação entre a pobreza extrema existente e o governo. Pelo que se é verdade que muitas instituições exteriores ao país podem fornecer uma boa estrutura para o desenvolvimento económico deste, também é que na grande parte das vezes os governos não têm os mesmos interesses que as pessoas, acabando por se meter no caminho entre as instituições e o povo.

Além disso, gera-se também o problema de que, quando se trata de ajuda monetária exterior, esta poderá ser usada servindo apenas os interesses do governo. Neste caso, ela está a ser usada como um incentivo à corrupção. Por este motivo, a ajuda deverá ser entregue a nível local, junto das comunidades. Caso esta seja entregue junto do governo, então deveriam surgir movimentos a partir do interior de cada país, onde se exigiria mais informações sobre o dinheiro que este recebeu e como foi ele usado

Existe ainda um outro factor a ter em conta (Aid at the Edge of Chaos de Ben Ramlingan), é ele o conhecimento local das áreas onde pretendemos intervir. É extremamente importante que este seja tomado em consideração, uma vez que as regras que funcionaram ao desenvolvimento do nosso país podem não funcionar da mesma maneira noutro país e corre-se o risco de destruir esse conhecimento. O sistema deve evoluir e poder seguir diferentes direcções em vez de ser totalmente alterado.

Com isto, respondendo à questão O que deve ser feito? ou O que poderiamos fazer?. Nós devemos facilitar o crescimento económico do país, com o objectivo de eliminar a pobreza extrema. Como pode ser isso feito? Nós podemos criar as condições para que as pessoas possam estar aptas para trabalhar. Isto é, podemos dar-lhes medicamentos para eliminar as doenças que impedem elas de trabalharem. Podemos dar-lhes comida para que possam, novamente, trabalhar e reduzir o risco de contraírem doenças. Podemos dar-lhes educação, que lhes permite ter uma participação mais activa junto da sociedade e criar um ciclo sustentável de partilha de informações. Por exemplo, certos comportamentos higiénicos que lhes permite reduzir o risco de contrair doenças como diarreia.

Assim, pretende-se que estas comunidades possam reservar algum dinheiro que possa ser posteriormente usado para fazer transacções no mercado, por outra palavras, quer-se criar as condições para que as pessoas tenham acesso aos mercados. O qual vai contribuir para o surgimento de uma classe média na sociedade.