segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Al Gore: Curva de Keeling

Faz cerca de 5 anos que entrei na faculdade. Era, naquela altura, um jovem cheio de ambições e expectativas. Tinha entrado em engenharia mecânica não apenas para ter uma maior probabilidade de conseguir emprego, mas também porque esperava que este curso me possibilitasse trabalhar na área que queria - energia renováveis e eficiência energética.

Ao longo destes 5 anos acabei por perder o meu rumo no curso. As minhas expectativas não tinham sido preenchidas e pouco ou nada ouvia falar sobre energia. Em vez disso, grande parte das disciplinas focavam-se em materiais e produção, algo que, de certo modo, não era compatível pela minha enorme paixão pelas temáticas ambientais.

Este ano, após todo este tempo, finalmente consegui voltar a ter contacto com assuntos de temática ambiental e a sensação não poderia de deixar de ser espectacular. Por outras palavras, sinto que o meu coração está em chamas e que o meu cérebro está mais desperto que nunca.

Dito isto, escrevo este artigo para falar da Curva de Keeling, abordada numa das aulas que tive este semestre. 

Roger Revelle (Uma Verdade Incoveniente, Al Gore)

Na década de 1960, o professor Roger Revelle foi a primeira pessoa a propor a medição dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Alguns anos antes, ele tinha previsto que a expansão económica global, após a segunda guerra mundial, impelida pelo aumento da população alimentada principalmente pelo carvão e o petróleo levaria, muito provavelmente, a um aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.

Em 1957, após reunir os financiamentos suficientes, Revelle contratou Charles David Keeling, criando a estação principal para a medição dos níveis de dióxido de carbono no topo da Mauna Loa - a mais alta de duas enormes montanhas vulcânicas no Hawai. Este local tinha sido escolhido devido ao facto de que as amostras aí recolhidas não estarem contaminadas pelas emissões de gases industriais locais.

Alguns anos depois, por volta de 1968, Revelle fazia-se expressar sobre a sua preocupação sobre a absorção de dióxido de carbono pelos oceanos, assim como na atmosfera, prevendo que os primeiros iriam suportar uma carga significativa de todo este aumento.

Apesar de já ter falecido em 1991, antes que o mundo começasse a tomar medidas, sabe-se actualmente que os oceanos têm absorvido grande parte do dióxido de carbono emitido para a atmosfera e que tal tem causado o aumento da acidez destes, colocando em risco todo o ecossistema marítimo.

Curva de Keeling

Esta curva é o resultado das medições da concentração dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera durante quase meio século, efectuadas pelo cientista Charles David Keeling. Esta curva mostra-nos não apenas o modo como a concentração de dióxido de carbono tem vindo a aumentar, mas também o facto de existirem ciclos de sazonalidade, registando-se os níveis mais altos em Abril e os mais baixos em Outubro.

Mais recentemente, com a informação obtida a partir dos cilindros de gelo perfurados na Gronelândia e da Antárctida, foi possível recuar o gráfico cerca de 650 mil anos.



Deixo ainda aqui uma notícia do Jornal Público sobre a Curva de Keeling e o site que acompanha o desenvolvimento da mesma.
Bibliografia: Uma Verdade Incoveniente, Al Gore, Esfera do Caos