sábado, 22 de março de 2014

Al Gore: A Nossa Casa está em Perigo

Foi por volta do 8.º ano que ouvi falar do aquecimento global pela primeira vez, infelizmente a professora abordou tudo tão superficialmente que mal tive tempo para consolidar a informação que tinha acabado de adquirir. Só alguns anos mais tarde, quando estava no meu 10.º ano, é que percebi a gravidade do assunto e das consequências que este podia ter no nosso planeta. A partir daí comecei a informar-me mais sobre o assunto e foi Al Gore um dos primeiros a  fornecer-me os fundamentos básicos sobre as causas e consequências do aquecimento global através do seu livro Uma Verdade Inconveniente.

Agora, depois de alguns anos de aquisição de informação, volto àquele que me transmitiu o básico do complexo problema com que nos deparamos. Partilho assim algumas notas que tenho recolhido no seu livro A Nossa Escolha.

Como português, tenho assistido a um inúmero número de notícias sobre o aumento do preço do barril de petróleo e, mais recentemente, sobre o aumento do preço da gasolina e do preço do gasóleo. Aquele combustível com que era possível abastecer o nosso carro por uns meros cêntimos por litro, transformou-se naquela que é a actual maior despesa de quem use este meio de transporte, com um custo de cerca de 1.5€ por litro.

Sei que existem muitos pontos de interrogação por detrás destes preços, como por exemplo, o facto de Portugal ser um dos países da União Europeia onde os derivados do petróleo são mais caros. Mas ignorando isso, apesar de tal ter uma enorme relevância, que outro motivo poderá haver para que este aumento de preços tenha atingido tais níveis, não apenas em Portugal, mas por todo o Mundo?

É aqui que entra Al Gore, ele no seu livro aborda aquilo a que muitos especialistas chamam de Pico do Petróleo. Tal como o carvão, o petróleo é um recurso não renovável, quer isto dizer que o tempo que a Natureza demora a repô-lo é muito inferior àquele que o Homem o tem estado a utilizar. Isto para explicar que, grande parte dos poços de petróleo já atingiram o seu pico, ou seja, o número de barris de petróleo que estes têm gerado num dado intervalo de tempo tem vindo a diminuir. 

O facto de a procura deste combustível continuar a aumentar, com o objectivo de satisfazer as necessidades energéticas mundiais, faz com que o seu preço, associado à diminuição da produção do mesmo tenda a aumentar, consequentemente, todos os seus derivados, como a gasolina e o gasóleo também o vão fazer.  

A Agência Internacional de Energia, na sua primeira análise de fundo aos oitocentos maiores campos petrolíferos, relatou no ano passado que a maioria dos maiores campos já ultrapassou o pico da taxa de produção, e que o declínio previsto nessa produção está agora a acelerar ao dobro da taxa prevista em 2007.

T.Boone Pickens, o altamente bem sucedido veterano do petróleo e do gás americano, declarou em Agosto passado que, na sua opinião, a produção de petróleo já atingiu, na verdade, o pico em 2006.  

O facto de a maioria de os campos de petróleo actualmente explorados estarem situados no médio oriente, onde a agitação militar é elevada, é uma das outras causas identificadas para a flutuação dos preços do petróleo. Face a todos estes factos, é de extrema importância substituir este combustível por outros mais duradouros e menos poluentes, uma vez que o uso deste tem gerado crises económicas pelo Mundo, crises de segurança e, por último e talvez a mais importante, a crise climática.

A queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, são das principais causas para o aumento massivo do efeito de estufa que se tem vindo a registar. Embora parte dos países desenvolvidos estejam a reunir esforços no sentido de substituir estes por fontes de energia mais limpas, como as renováveis, o actual crescimento da China e da Índia, realizado em parte através da queima e do uso deste tipo de combustíveis, tem vindo a contribuir fortemente para a emissão de gases de efeito de estufa, como o dióxido de carbono, para a atmosfera. 

Apesar de tudo, a China, por exemplo, está prestes a tornar-se o maior país de produtor de energia eólica, através da construção de uma super rede de 800 kilovolt que ligará todas as suas partes.

Por último, Al Gore critica o facto de assuntos de elevada importância, como a crise climática, seja abordada e divulgada nos tablóides de forma pouco séria, onde é misturada constantemente com notícias de entretenimento e publicidade, minimizando a importância do aquecimento global e, de certo modo, ridicularizando-a. 

Vivemos agora numa cultura política parcialmente enlouquecida pela transformação do «fórum público» que emergiu na esteira da imprensa, e que nos trouxe os jornais, os livros, a literacia de massas, o «primado da razão», o igualitarismo e a democracia representativa.

O filósofo alemão Theodor Adorno descreveu em primeira mão esta transformação, num contexto muito diferente, há 58 anos: «A conversão de todas as questões de verdade em questões de poder... atacou o próprio âmago da distinção entre verdadeiro e falso.»
  
(Todas as citações em itálico foram transcritas do livro A Nossa Escolha do Al Gore)