terça-feira, 27 de outubro de 2015

Chris Guillebeau: Conformismo (Os Cinco Macacos)

Todos temos sonhos! No entanto parece que à medida que envelhecemos passamos a desvalorizar estes. Adaptamo-nos à nossa rotina diária, nas férias do trabalho viaja-mos para um sítio que os nossos amigos nos aconselharam e a nossa vida não passa disto. 

No fundo conformamo-nos da pior maneira possível. Muitas das vezes vivemos segundo as regras dos outros apenas porque é mais fácil. Podemos nem ser felizes, mas no entanto também não somos infelizes, o que para nós é o suficiente.

A própria sociedade está construída no sentido de suster todo este conformismo. As regras de etiqueta são o exemplo mais óbvio. Se por um lado acredito que muitas deles foram estabelecidas no sentido de criar um bom ambiente entre as pessoas, muitas outras foram criadas apenas com o intuito de levar estas a comportarem-se de uma determinada maneira, considerada por outros como "a aceitável".

De facto, já me encontrei em situações em que simplesmente me disseram "não faças isso". Na minha ingenuidade perguntei porquê? A resposta foi "é regra de etiqueta". Habituamo-nos de tal modo a seguir o que os outros fazem e dizem que, chegamos a um ponto que já nem nós próprios sabemos porque fazemos o que fazemos. Somos apenas mais um indivíduo escravo das regras dos outros.

Podemos não ter estar acorrentados ou ter uma coleira à volta do pescoço, no entanto todos temos o mesmo par de óculos. Não perguntamos "porquê" ou confrontamos as regras que regem a sociedade, pelo facto de ser muito mais fácil viver segundo o que os outros aceitam do que ser olhado de lado ou criticado nas costas.

Dito isto, deixo aqui uma das histórias partilhadas no livro "A Arte do Inconformismo" de Chris Guillebeau, com a esperança que iremos começar a questionar-nos mais sobre o Mundo e como este funciona, pois a mudança, quer no Mundo, quer da nossa vida, só acontecerá quando começarmos a desafiar os paradigmas em que vivemos e mudarmos as lentes dos nossos óculos.

"Cinco macacos são postos numa jaula por um sádico que detesta macacos. Tê, comida e água suficiente no fundo da jaula, o que os salva da fome, mas estão obrigados a ter uma vida entediante a olhar pelo vidro todos os dias. (...) No cimo da jaula, porém, um grande cacho de bananas espera sedutoramente. Uma escada foi posta convenientemente no topo pelo sádico.
(...) um dos macacos trepa a escada e procura chegar a uma banana. De repente uma mangueira de incêndio aparece do nada. O macaco do cimo da escada fica encharcado com água fria, mas não só ele - todos os outros macacos também estão encharcados. (...)
No dia seguinte a experiência repete-se muitas vezes. Um macaco dá uma corrida até às bananas, o bando de macacos fica todo encharcado, e pouco depois o grupo começa a dar uma tareia no macaco que for o suficientemente corajoso para subir a escada. (...) Os macacos aceitam relutantemente o destino de viverem uma vida sem bananas. 
Até que um dia a experiência muda. O sádico tira um macaco da jaula e substitui-o por outro. Desconhecendo a consequência de levar um banho de água fria, o novo macaco começa imediatamente a subir a escada em busca de uma banana; os restantes macacos puxam-no para baixo antes de chegar ao topo, e o bando acostuma-se outra vez. (...) o processo repete-se: o macaco novo vai na direcção das bananas, é derrubado e adapta-se.  
Após cinco dias, não resta nenhum macaco do bando inicial, e nenhum macaco chegou a ficar encharcado com água fria - mas todos sabem que não devem subir a escada. Um dos macacos pergunta por fim:
- Então porque é que não podemos comer as bananas?
Os outros encolhem os ombros e dizem:
- Não sabemos, só sabemos que não podemos."

Livro A Arte do Inconformismo, Chris Guillebeau, Editora Pergaminho SA

Sem comentários:

Enviar um comentário