sábado, 17 de outubro de 2015

Chris Guillebeau: A Ponte

Há algum tempo atrás, quando ingressei na faculdade, lembro-me de alguns amigos comentarem de ser demasiado sonhador, na altura ignorei um pouco, não me importando muito com isso. No entanto, após algum tempo, quando me comecei a deparar com situações diferentes daquelas com que tinha "sonhado", pensei que os meus amigos talvez tivessem razão. Talvez tivesse sido demasiado ingénuo, talvez devesse ter adaptado os meus pensamentos e a minha mentalidade à realidade.

Passei estes últimos anos sem voltar a preocupar-me com estas questões. Ingressei na faculdade e, tal como todos os meus outros colegas, fui fazendo as disciplinas. O que não percebi durante esse tempo é que a realidade a que me tinha adaptado tinha sido a dos outros e não aquela em que eu realmente acreditava, tinha caído na armadilha do conformismo

Recentemente, talvez devido a algumas situações menos infelizes, voltei a focar-me naquilo em que acreditava e a verdade é que nunca sobe tão bem fazê-lo. Cheguei à conclusão que talvez nunca tenha sonhado de mais, antes pelo contrário, o facto de pensarmos de maneira diferente não faz com que estejamos errados

Dito isto, serve esta mensagem para partilhar algumas citações do livro "A Arte do Inconformismo" do Cris Guillebeau. Quando estava a lê-lo identifiquei-me com algumas das coisas que este abordava, nomeadamente o facto de que à medida que crescemos, parece que a sociedade espera que nos comportemos e sigamos um determinado percurso, estipulados por ela como sendo os correctos.

Quando eras criança e querias fazer alguma coisa que os teus pais e professores não gostavam, és capaz de ter ouvido a pergunta: «Se toda a gente se atirasse da ponte, tu também ias?» A ideia é que não é bom fazer uma coisa estúpida, mesmo que todos os outros a façam. A lógica é: Pensa por ti próprio em vez de seguires a multidão.*

(...) Mas um dia cresces, e de repente a situação inverte-se. As pessoas começam a esperar que te comportes da mesma maneira que elas. Se discordares e não te ajustares às expectativas, algumas delas ficam confusas ou irritadas. É quase como se perguntassem: «Olha, toda a gente está a atirar-se da ponte. Porque é que tu não?»*

Nos últimos dias, houve um evento na localidade onde eu vivo que exigia a minha deslocação ou não a esta. Apesar de ainda não me ter decidido se ia ou não, quando falei com uma pessoa que esse evento, a primeira pergunta dela foi "quando chegas?".

Apoiando-me no livro mencionado, por vezes, ficamos presos numa vida que se desenrola de acordo com o que as outras pessoas consideram como o correcto. Avaliamos as nossas decisões e ideias com base na opinião dos outros, desvalorizando o nosso próprio julgamento e o que pensamos sobre as nossas ideias e, mais importante, sobre nós próprios. Entretanto o tempo acontece e quando nos damos conta já envelhecemos, vivendo uma vida, de certo modo, ditada pelas vozes e crenças dos outros e não por aquilo em que acreditamos e valorizamos

A maior parte dos homens vivem vidas de desespero silencioso e vão para a cova com a sua canção ainda neles.
Henry David Thoreau

Referências Bibliográficas: 
*Livro "A Arte do Inconformismo", Chris Guillebeau, Pergaminho, 1.ª edição outubro de 2010

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